Pesquisar este blog

sábado, 15 de junho de 2013

História de Vieira_ Como surgiu esse Terceiro Distrito

Jacinto Garcia de Queiroz




Nos anos de 1830 ou 1835, morava um caboclo de sobrenome Vieira que fazia tratamentos com ervas medicinais para pessoas doentes. Então quando tinha alguém enfermo, dizia-se: “Vamos lá no Vieira que ele cura!” E esse nome foi se rotulando nesse local.
O distrito de Vieira começa na Ponte da Formiga seguindo em direção ao Alto do Felício Pinto, como era chamado, hoje Alto de Vieira, na divisa de Teresópolis com Nova Friburgo. Numa extensão de nove a doze quilômetros mais ou menos. Ao norte fazendo rumo com Sumidouro, Fazenda São Bento; ao sul Boa Vida e Bonsucesso; ao leste fazendo divisa com Nova Friburgo; e ao oeste fazendo divisa com Santa Rosa e Mottas; englobando aproximadamente mais de mil alqueires de terra.
Um dos primeiros proprietários dessa vasta área de terra, chamava-se, segundo contaram, Jacinto Garcia de Queiroz, que recebeu uma concessão de terra extraída de uma sesmaria autorizada por João Luís Siqueira de Queiroz, senhor com autoridade do Império para que pudesse promover, desbravar, colonizar e desenvolver essa região inóspita e um pouco selvagem.
Onde promovia o desenvolvimento dessa região com sede na Fazenda Vista Alegre. Esse senhor, Garcia de Queiroz, ao receber essa concessão veio a construir moradia nos arredores de terras de herdeiros de Antônio Custódio, ao norte do Rio Formiga distanciada da margem mais ou menos trezentos metros.
O desmatamento teve início nos arredores de sua residência descendo na vazão do Rio Formiga até no restaurante Linguiça do Padre. Seguindo a leste, nas margens do Rio Formiga, em sentido à nascente, acima do hotel São Moritiz, ultrapassando um pouco a Praça Cruzeiro.
Ao decorrer dos anos, ao serem divididas seguiram em outros ramais como Rua dos Ipês, hoje Imperial, também Rua dos Canudos, seguindo em direção a São Bento. Em sentido oeste, também Calado e Serra do Palmital, etc.
Lá pelos anos de 1870, Vieira foi dividida para cinco herdeiros, entre os quais: Modesto Garcia de Queiroz, Manoel Garcia de Queiroz, Antônio Garcia de Queiroz e duas irmãs que venderam seus direitos e foram se estabelecer na região de Nova Friburgo, na cidade e regiões de Bom Jardim, segundo contam.
Ficando três da família no local, a Fazenda Vieira ficou para Modesto Garcia de Queiroz; Manoel Garcia de Queiroz, Fazenda Sertão; e Antônio Garcia de Queiroz, Fazenda Palmital. E as duas partes que foram transferidas para terceiros ficaram no sentido abaixo do restaurante Linguiça do Padre até na Ponte da Formiga, seguindo na estrada da buracada, em direção a São Bento fazendo vertente com Independente de Mottas.
Falando um pouco das origens dessas pessoas desbravadoras, esse primeiro senhor que adquiriu essas terras é de origem portuguesa e espanhola. Trouxe consigo diversos escravos e famílias tradicionais hoje no nosso local de sobrenome Francisco do Canto, Dias e Rosa. Pessoas com habilidades construtivas e também cultura de ensinamentos como professores. Um dos primeiros da família Canto a se estabelecer nessa região foi o pai de Marcelino Francisco do Canto; onde deixou muitos descendentes que entre as famílias Garcia e Canto tiveram diversos enlaces matrimonias.
A segunda família tradicional que veio a se estabelecer em Vieira e nas redondezas, lá pelos anos de 1870, foi a Silva da Cunha. Vindo mais da região de Nova Friburgo, de terras frias do Campo do Coelho, como era chamado; que englobavam Fazenda Mendes da Veiga, Barracão dos Mendes, Salina, São Lourenço e etc.
Pelos anos de 1890, mais ou menos, vem se estabelecer em Vieira a família de origem portuguesa, Custódio Corrêa.
Dessa época em diante, diversas outras famílias de origem italiana, alemã, suíça, portuguesa, espanhola, etc., foram adquirindo seu pedaço de terra nessa região.
Na data de 1875, aproximadamente, na região de Bonsucesso e Vieira, estabelecesse a família Gallo, Baptista Granito, Dallia, de origem italiana. São grandes os descendentes de todas as nacionalidades: Antunes Nogueira, Araújo, Magalhães, Macedo, Cândido, Pereira, Rocha, Oliveira e diversas outras.
Ao findar a primeira metade do século dezenove foi criado um decreto n° 1270, de 28 de dezembro de 1862, assinado pelo desembargador Luiz Alves Leite de Oliveira Belo, fidalgo e presidente da província do Rio de Janeiro, criando a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão da Sebastiana, no atual local de Venda Nova, pertencendo à Nova Friburgo.
Terras de Sebastiana passou a pertencer á Teresópolis em 17/12/1901, assinado o decreto pelo governador Quintino Bocaiúva. Terras de Sebastiana englobava diversas localidades, entre as quais: Vieira, Bonsucesso, entre outras cercanias.

A partir de 1910 em diante começou a surgir pequeno comércio em Vieira, através de transportes em tropas de burros. Um dos primeiros comércios em Vieira foi do José Corrêa Leitão, português que veio a se casar com a viúva de Modesto Garcia de Queiroz. Iniciou estabelecimento em Vieira onde transferido para seu sobrinho no futuro por volta de 1917, Antônio Custódio. Também existiu nos arredores do cemitério de Vieira o comércio de Joaquim da Silva Cunha. Esse terreno do cemitério que foi doado pelo mesmo para tal necessidade.
José Corrêa Leitão, ao chegar em Vieira, sua atividade foi exclusivamente na agricultura, no plantio de marmelo, batata inglesa, feijão, milho e etc. Culturas, também, de subsistência e pequenas criações de gado e vacas leiteiras. Também animais de cela entre os quais o cruzamento de jumento com égua.
José Corrêa Leitão, ao fazer uma viagem a Portugal, trouxe o jovem Antônio e duas irmãs, Conceição e Amélia, onde no momento ficaram na cidade do Rio de Janeiro. Chegando aqui no Rio de Janeiro, Antônio Custódio veio visitar a fazenda de seu tio José Corrêa, onde encontrou sua prima Petronílea, então começou o namoro; que no futuro se concretizou em matrimônio.
Nessa época de 1917 em diante, veio assumir uma parte da fazenda do seu tio, onde também construiu o primeiro comércio em geral, usando o transporte através de animais_ tropas de burros. Entre as viagens para abastecer seu comércio viajavam para Sumidouro, Nova Friburgo ou à cidade de Teresópolis. Um dos grandes incentivadores foi o José Francisco Lippi, italiano, de Venda Nova, onde era um grande comerciante que vendia muitos excedentes de mercadorias para Antônio Custódio. Daí em diante, nas décadas de 1920 e adiante, foi prosperando o seu comércio e fazendo o lugar crescer também. Vendendo de tudo um pouco, dando crédito para aquela comunidade que até então não tinha acesso a certas mercadorias. Esse comércio tornou-se e foi vigoroso até 1966, época em que foi transferido para terceiros.

Vista panorâmica de Vieira, Pedra do Cadeado, que foi traduzido para o nome de Calado, Vieira.





Então podemos concluir que um dos marcos iniciais desse distrito de Vieira foi o português Antônio Custódio, que influíra no desenvolvimento da região.
Tivemos Vieira antes do Hotel São Moritiz quando se falava: “Vamos passar na localidade daquela fazenda Vieira.” E depois, 1944, ao ser concluído o hotel, falava-se assim: “Vamos passar lá em Vieira onde tem aquele majestoso Hotel São Moritiz.”

Contando um pouco sobre o Antônio Custódio, na época da Segunda Guerra Mundial, as dificuldades eram imensas em todo o país; não havia trabalho para o sustento de muitas famílias, esse senhor com a sua hábil administração, promovia frentes de trabalho para abrir estradas vicinais no intuito de chegar as demais localidades: Boa Vida, Fazenda São Bento, Estrada da Buracada... E com isso ajudava na subsistência de famílias carentes.
Através desta história relatada, contada por descendentes do mesmo, vem provar a bondade e perseverança desse personagem que temos por obrigação, em memória, homenagear esse grande homem de fibra.

Outros personagens de Vieira que ajudaram a crescer e desenvolver esse distrito:

Arthur Garcia de Queiroz, fazendeiro, filho de Manoel Garcia de Queiroz (capitão da guarda nacional na época do Império).
Antônio Garcia de Queiroz, irmão de Manoel G. de Queiroz e Modesto G. de Queiroz. Deixou uma prole de dezesseis filhos. Veio a falecer no dia 16/09/1933, aos oitenta e seis anos.

25 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, sou morador de Vieira e fico muito feliz em saber mais da minha região! Obrigado pelas informações e por suas pesquisas.....

    ResponderExcluir
  2. Muito interessante! Parabéns tio! Sensacional!

    ResponderExcluir
  3. Parabéns fiquei muito feliz de saber um pouco da história da minha linda família Custódio correa. Não tenho o sobre nome correa mas tenho o sangue dos meus avós e tios Custódio correa.

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Olá, fiquei muito feliz em ver essa matéria, sempre tinha e tenho curiosidade de conhecer a história da nossa família! Sou Ana Paula, filha de Leonel Garcia de Queiroz. Quando tiver mais artigos assim...gostaria muito que me enviasse! Um grande abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado por se interessar pela história da família. Fica atenta ao blog.

      Excluir
  6. Ola, obrigado por contar um pouco da nossa história. Sou um daqueles que tem curiosidade em saber de onde vem os nomes dos bairros. Estava procurando por essas informações.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Alexandre. Tem algum bairro específico que tenha curiosidade?

      Excluir
  7. Ola, obrigado por contar um pouco da nossa história. Sou um daqueles que tem curiosidade em saber de onde vem os nomes dos bairros. Estava procurando por essas informações.

    ResponderExcluir
  8. Muito legal. Tenho um sítio em Sebastiana, e de lá consigo avista a Pedra do Cadeado.

    ResponderExcluir
  9. Oi Tio! Que documentário lindo. Parabéns pela pesquisa e pelo trabalho. Bjs em todos.

    ResponderExcluir
  10. Excelente pesquisa sobre esse interessante lugar do nosso município que é toda a região de Vieira. A publicação do trabalho é rica contribuição para a memória local, tão carente de resgates como esse. Parabéns Dilson Garcia de Queiroz!

    Wanderley Peres
    Ex-secretário de Cultura de Teresópolis.

    ResponderExcluir
  11. Olá.
    Sou William Queiroz Gama.
    Neto de Adhemar Queiroz quem vem a ser filho de Jacinto Garcia de Queiroz(casado com Umbelina Breder Queiroz) todos de conselheiro Paulino.
    Gostaria de saber quem foi o pai de meu bisavô Jacinto. Tem essa informação ?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Me chamo Tadir Garcia de Queiroz Jr. e estou pesquisando sobre a família. De acordo com minhas pesquisas o pai de Jacinto se chama José Garcia de Queiroz. Se quiser mais informações pode me enviar um e-mail: tadirjunior@yahoo.com.br

      Excluir
  12. Sou da família canto gostei muito dessa materia obrigada

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, sou a Letícia de Queiroz, filha do Sr. Dilson. Ele nos deicou há um ano. Obrigada pelo seu comentário. Muito grata!

      Excluir
  13. Olá Dilson,

    Sou Raquel, bisneta de Antônio Garcia de Queiroz, gostei muito do seu documentário, pois ele nos permite conhecer a nossa história. E até sentir saudades de uma época que não vivemos.

    Obrigada por compartilhar essas informações!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Raquel, sou a Letícia de Queiroz, filha do Sr. Dilson. Infelizmente ele nos deixou há um ano. Agradeço muito seu comentário. Muito obrigada!

      Excluir
  14. Olá Raquel, sou a Letícia de Queiroz, filha do Sr. Dilson. Infelizmente ele nos deixou há um ano. Agradeço muito seu comentário. Muito obrigada!

    ResponderExcluir